sexta-feira, 27 de junho de 2008

“Mais importante do que dar anos à vida é dar vida aos anos”

Elsa Vilão, Técnica Superior de Serviço Social, Centro de Saúde de Eiras

Quem já não vivenciou, partilhou ou teve conhecimento das dificuldades de ter de cuidar de “alguém” que, independentemente da idade, está privado da sua autonomia!

Quem já não assistiu ao drama do “sentimos que não somos capazes de fazer tudo”, “estamos exaustos, já não gerimos a vida familiar, profissional e social sem conflitos, sem angústia”, “sinto-me sozinha e impotente”, “o apoio domiciliário prestado não é o suficiente” “o lar está posto de parte pela incompatibilidade económica e pela nossa própria vontade”, “não podemos deixar de trabalhar para cuidar dele”

Sabemos que o envelhecimento demográfico, o desenvolvimento da medicina, bem como o desenvolvimento da indústria farmacêutica, determinam novas necessidades em saúde e conduzem ao aparecimento de um grupo significativo de doentes, para os quais, independentemente da idade e dos problemas decorrentes da sua perda de autonomia, urge organizar respostas adequadas à crescente necessidade de cuidados continuados, de forma personalizada, de qualidade e em proximidade, muito diferente do modelo de intervenção na doença aguda.

As próprias transformações sociais e políticas ocorridas nas últimas décadas, devido à evolução que a sociedade tem sofrido, introduziram mudanças significativas na vida e na dinâmica das populações. Surgiram novos domínios, novas formas de organização, novos estilos de vida, novos comportamentos sociais e familiares.

Contudo, continuam a ser as redes de suporte familiar, e vizinhança, que asseguram a continuidade de cuidados quando é necessário.

É óbvio, que o envolvimento da família na prestação dos cuidados ao doente, constitui uma ferramenta imprescindível para optimizar a capacidade de cuidar e simultaneamente, preservar o prolongamento da vida com qualidade, conforto, paz, confiança e amor.

Mas ao ser a mais directa e imediata fonte de apoio social, papel do qual jamais poderá ser desresponsabilizada, pode ao ser confrontada com as novas exigências do cuidar para as quais não está preparada, inevitavelmente ser conduzida para a revolta, desespero, insegurança, abandono, medo, vindo a tornar-se totalmente incapaz de prestar todo e qualquer apoio.
É premente reequacionar as redes de apoio e reajustá-las às novas necessidades.
O serviço de apoio domiciliário convencional já não satisfaz. É necessário envolver a comunidade, fazendo emergir o voluntariado, redireccionar esforços trabalhando em rede e parceria, criando novas formas de apoio (apoio domiciliário 24 horas, teleassistência, simples acompanhantes, centros de noite, prestadoras de cuidados, equipas multidisciplinares).
As famílias ao sentirem que não estão sozinhas, cada vez mais vão ter e querer os seus doentes consigo e perto de si.

FIBROMIALGIA:- ...Quando a dor não tem explicação…

Gonçalo Pimenta, interno do 2º ano de Medicina Geral e Familiar

A fibromialgia não é considerada uma doença típica, mas sim uma síndrome de dor músculo-esquelética difusa, não inflamatória, não articular, com pontos dolorosos à palpação muscular em locais definidos.
Com uma prevalência de 2% a 5% na população adulta, inicia-se entre os 20 e os 50 anos, sendo a mulher 5 a 9 vezes mais afectada que o homem.
É uma doença de natureza funcional, de causa e mecanismos desconhecidos, que se caracteriza por dores crónicas e espalhadas por todo o corpo (que não limitam a mobilidade), palpação das massas musculares difusamente dolorosa, sono superficial e não reparador, rigidez (de predomínio matinal), fadiga e debilidade muscular.
Acompanha-se, frequentemente, de depressão psíquica, ansiedade, irritabilidade, dores de cabeça, dormência de pés e mãos ou perturbações gastrointestinais ou cognitivas. As queixas são muitas vezes agravadas pelo stress emocional, frio, humidade, ruído, mudanças climatéricas ou excesso de esforço e tendem a melhorar com o calor ou as férias.
Não há qualquer sinal bioquímico ou imagiológico que justifique a dor, o que dificulta o diagnóstico. Este é feito apenas com base nas queixas subjectivas do doente, servindo os exames complementares apenas para excluir outras patologias com sintomas semelhantes ou detectar doenças associadas.
Alguns médicos ainda questionam a existência da fibromialgia como entidade clínica, sendo os doentes fibromiálgicos, muitas vezes, incompreendidos e até estigmatizados.
Além de ser difícil o diagnóstico desta síndrome, o seu tratamento é também complicado, já que a diversidade de sintomas pode exigir um vasto leque de soluções terapêuticas.
Desde logo, são importantes a correcta informação e tranquilização do doente, bem como compreensão e apoio psicológico. Estes doentes “precisam” de saber que existe um nome para os sintomas “misteriosos” que eles sentem. O doente deve apostar no exercício físico para manter os músculos activos, mas o seu plano de treinos deve ser elaborado em conjunto com o seu médico, de acordo com as suas capacidades e tendo em vista a saúde, a boa forma e a auto-estima.
Ginástica aeróbica, caminhadas, hidroginástica ou massagem, são algumas das opções a considerar.
O tratamento farmacológico é feito com recurso a antidepressivos, ansiolíticos, hipnóticos, analgésicos, anti-inflamatórios, relaxantes musculares ou anticonvulsivantes, devendo ser prescritos de acordo com os sintomas individuais de cada doente.
A acupunctura também pode ter um papel benéfico em alguns casos.
Não há ainda cura para a fibromialgia, mas a qualidade de vida do doente pode melhorar bastante se houver uma terapêutica continuada e ajustada aos novos sintomas que surjam.

domingo, 22 de junho de 2008

Vacinação…” Momento de dor ou Acto de Amor! ”

Conceição Castro, Enfermeira Especialista de Saúde Pública

A vacinação tem sido e continuará a ser um momento de angústia e dor para pais e filhos.
Os primeiros sentem que as vacinas conferem protecção contra algumas doenças infecciosas, que podem matar ou deixar sequelas muito graves, mas, o choro do seu filho “destroça – lhes o coração”.
Os segundos não percebem porque os seus pais os levam a um local onde “ pessoas de bata branca “ os magoam com “picas” nas pernas ou braços. Mas será que a vacinação tem que ser vista desta forma?. Não será um acto de amor que os pais estão a dar aos seus filhos?. Logo, quanto mais cedo as crianças perceberem o amor presente neste acto, mais facilmente aceitam a dor da vacinação.
Fazendo uma retrospectiva histórica, verificamos que até ao início do século XX, milhares de crianças morriam com doenças típicas da infância tais como; difteria, tétano, tosse convulsa, sarampo, poliomielite etc.. Progressivamente com a descoberta e produção de vacinas, esse cenário foi-se alterando significativamente. Como exemplo e apenas referente a quatro doenças, apresentamos no quadro
seguinte os dados comparativos do último decénio anterior ao início do PNV e do último decénio do século XX, DGS (2005).


A vacinação é praticada em Portugal com carácter universal e gratuito desde 1965, com a implementação do 1º PNV (plano nacional de vacinação).
Pretendeu-se assegurar o controlo de algumas doenças infecciosas para as quais existiam vacinas eficazes e seguras e cuja incidência e letalidade eram elevadas. Actualmente é constituído por um esquema vacinal composto por vacinas contra a poliomielite, difteria, tétano, tosse convulsa, tuberculose, sarampo, parotidite, rubéola, hepatite B e o haemophilus Infuenzae tipo B.
Mais recentemente, em 2006, é introduzida a vacina contra o meningococo C.
Neste momento, e após milhões de crianças e adultos vacinados, verifica-se um elevado numero de indivíduos imunizados, estando controladas ou eliminadas as doenças abrangidas pelo PNV. Contudo, ainda existem alguns grupos susceptíveis, grupos étnicos que não aceitam a vacinação e, apesar de durante a infância não contraírem as doenças pela imunidade de grupo garantida pelas crianças vacinadas, podem contrai-las na juventude ou idade adulta.
No entanto, relativamente ao tétano não existe imunidade de grupo, a imunidade contra a toxina tetânica é apenas induzida pela vacinação. Estudos realizados pela DGS, indicam, que decresce a partir dos 40 anos o nº de indivíduos protegidos contra a toxina do tétano, o que os faz ser susceptíveis.

O que é afinal a vacina e como funciona?
A vacina é um produto derivado ou quimicamente idêntico ao agente infeccioso causador de doença, que depois de inoculado no organismo humano vai provocar imunidade para uma determinada doença, através de um mecanismo idêntico ao desencadeado pela própria infecção natural, produzindo anticorpos específicos.
A vacinação vai desencadear uma resposta do sistema imunitário, mas sem causar doença.

Se não está vacinado, faça-o… pois a vacinação é gratuita e não custa nada! Os seus filhos agradecem….

Ondas de Calor

Tereza Costa, Estudante de enfermagem do 4º da E. S. Enf. C. – Pólo A

A exposição a calor intenso durante vários dias consecutivos – ondas de calor – é uma agressão para o organismo, podendo levar à desidratação, ao agravamento de doenças crónicas, a um esgotamento, ou a um golpe de calor (situação muito grave e que pode provocar danos irreversíveis à saúde, ou até mesmo a morte). Saiba como proteger-se!

São mais vulneráveis ao calor:
- As crianças nos primeiros anos de vida;
- As pessoas idosas, as pessoas acamadas e as pessoas obesas;
- Os portadores de doenças crónicas, nomeadamente doenças cardiovasculares, respiratórias, renais, diabetes e alcoolismo.

Para a prevenção dos efeitos do calor a Direcção Geral de Saúde recomenda:
- Aumentar a ingestão de água, mesmo sem ter sede;
- Devem evitar-se bebidas alcoólicas, gaseificadas, com cafeína, ou ricas em açúcar, porque podem provocar desidratação;
- Devem fazer-se refeições leves e mais frequentes. São de evitar as refeições pesadas e muito condimentadas;
- Evite a exposição directa ao sol, em especial entre as 11h e as 16h. Sempre que se expuser ao sol, ou andar ao ar livre, use protector solar, com um índice de protecção maior ou igual a 15 nos adultos, e igual ou superior a 20 nas crianças e pessoas de pele clara e sensível;
- Sempre que ande ao ar livre, deve usar chapéu, de preferência de abas largas, óculos escuros, roupa solta e de cores claras;
- Evite a permanência em viaturas expostas ao sol, principalmente nos períodos de maior calor. Nunca deixe crianças, doentes ou pessoas idosas dentro de veículos expostos ao sol. Leve água suficiente para a viagem;
- Sempre que possível, diminua esforços e repouse frequentemente em locais à sombra, frescos e arejados;
- Evite o calor dentro das habitações. Corra as persianas ou portadas e mantenha o ar circulante dentro de casa;
- Não hesite em pedir ajuda a um familiar ou a um vizinho no caso de se sentir mal com o calor;
- Informe-se periodicamente sobre o estado de saúde das pessoas isoladas, idosas, frágeis ou com dependência que vivam perto de si e ajude-as a protegerem-se do calor;
- As pessoas idosas e os bebés não devem ir à praia nos dias de grande calor. As radiações solares podem provocar queimaduras da pele e diminuem a capacidade da pele para arrefecer.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Cancro do Testículo


Andreia Rocha, Enfermeira Graduada do Centro de Saúde de Eiras



Trata-se do desenvolvimento anormal e descontrolado das células do testículo, levando ao aparecimento de massas que podem comprometer a sua forma e as suas funções.
É responsável por apenas 1% dos cancros no homem, contudo, a sua incidência está a aumentar e é o tumor maligno mais comum entre os jovens (dos 15 aos 35 anos).

Os testículos são duas glândulas de forma oval e consistência macia que se encontram dentro do escroto (bolsa de pele que os envolve), onde se movem livremente. São responsáveis pela produção de esperma e das hormonas sexuais masculinas.
Quando surge alguma alteração a nível da forma, consistência ou tamanho do testículo, deve ser sempre motivo de esclarecimento clínico da situação.

As causas deste tipo de cancro são desconhecidas, mas há estudos que sugerem que têm mais tendência para esta doença os homens:
o que nasceram com os testículos não descidos (dentro da cavidade abdominal);
o cujas mães tomaram, durante a gravidez, certos medicamentos para prevenir o aborto;
o sujeitos a traumatismos testiculares violentos ou repetidos;

As possibilidades de cura são tanto maiores quanto mais precoce for o diagnóstico e a melhor forma de o conseguir é consciencializar os homens a fazerem periodicamente a observação e palpação testicular.

Como fazer o auto-exame dos testículos:
o Uma vez por mês;
o Após o banho;
o Segurar cada testículo com ambas as mãos e deixá-lo deslizar suavemente entre o polegar e os outros dedos;

São estes os sinais e sintomas a que se deve atender:
o Caroço ou irregularidade num dos testículos;
o Aumento de tamanho de um dos testículos;
o Sensação de peso, dor ou desconforto no escroto;
o Dor tipo “moedouro”nas virilhas e ao fundo do abdómen;
o Aumento de tamanho ou de sensibilidade na zona mamária;
O facto de surgirem alguns destes sintomas não indica a existência certa de cancro. Na maioria das vezes têm outras causas, contudo, devem levar a uma avaliação médica.

O tratamento depende do tipo e do estadio do tumor, mas as hipóteses são a cirurgia, a radioterapia e a quimioterapia.
A remoção cirúrgica do testículo afectado não implica que o homem venha a ficar estéril ou mesmo impotente, visto que as funções continuam a ser desempenhadas pelo outro testículo. Além disso, o testículo removido é substituído por uma prótese, pelo que a vida sexual se pode manter normalmente.
É muito alto o índice de cura do cancro testicular. Exemplo disso é o ciclista norte-americano Lance Armstrong, que foi tratado a um tumor testicular avançado e hoje se encontra curado, tendo já vencido a volta à França durante três anos seguidos, após a cura.
Após o tratamento é muito importante um controle regular durante vários anos. O cancro do testículo raramente reaparece se o doente estiver livre da doença por três anos.

terça-feira, 17 de junho de 2008

A utilização de Medicamentos




Dr. Luiz Miguel Santiago, MD Chefe de Serviço no Centro de Saúde de Eiras


Cerca de 75% das consultas de Clínica Geral/Medicina Familiar terminam em prescrição de medicamentos, sendo que cerca de 80% dos utentes consideram ter sido informados da necessidade de serem tomados medicamentos, tendo participado na decisão de os tomar.

Quando inquiridos, 97,2% dos doentes com Tensão Arterial Alta, referem estar a sua saúde dependente do(s) medicamento(s) que tomam, preocupando-se com possíveis efeitos futuros dos medicamentos 59,4%.
Na mesma amostra 34,3% dos inquiridos referem ser, para eles, os medicamentos um mistério e 61,8% refere ter preocupações com a possibilidade de vir a ficar dependente dos mesmos.

Ao mesmo tempo, num outro inquérito, 66,7% dos respondentes não consideravam que os médicos receitassem demasiados medicamentos, sendo que 40,7% diziam que os médicos prescreveriam menos medicamentos se estivessem mais tempo com os doentes.

Assim sendo, como interpretar a utilização de medicamentos quando, ainda por cima, nenhum médico pode assegurar a segurança completa de um medicamento, quanto mais pela associação de vários medicamentos ao mesmo tempo?!

Haverá assim uma tão elevada diferença entre o que os médicos podem oferecer e o que os doentes querem ter?

Estarão os doentes a querer tomar medicamentos para poderem continuar a fazer o que bem querem e lhes apetece, julgando que serão aqueles a resolução dos seus problemas sem um pequeno investimento seu?

Esperarão os médicos que pelo receituário prescrito, os quadros possam desaparecer só pela acção destes, dado que já não conseguem passar mais informação, ou porque concluem que esta já não é mais percebida?

Que razão presidirá ao facto de o utente comprar todos os medicamentos, ou apenas o que lhe apetece de uma receita?

Parece então, que apenas pela boa relação entre médico e doente em que, sem consumismo excessivo, com responsabilização mútua dos papéis – o médico percebendo e orientando o paciente e este cumprindo – mas ambos dialogando, poderá haver resultados em saúde.

O consumismo excessivo pode levar àquela história do pastor e do lobo, ou seja, quando de facto houve lobo já ninguém ajudou… até porque o médico é apenas um conselheiro e alguém que pode ajudar a perceber os problemas e a desenhar uma boa táctica para atingir o objectivo desejado.
A qualidade de vida, o não ter dores, o esperar que os medicamentos sarem tudo, o querer que alguém nos resolva os problemas do quotidiano, pode ser um desejo inatingível sem a compreensão do que se está a passar e sem pistas para a correcção do problema pelos nossos próprios meios.
Será possível?

CENTRO DE SAÚDE DE EIRAS
TELF. 239499500

domingo, 15 de junho de 2008

Terapias Complementares


Anabela Baptista, Enfermeira Especialista em Saúde Infantil




Quando o homem, apesar da incessante busca, não encontra respostas para as suas questões de saúde na medicação e orientação tradicional, normalmente parte em busca das orientações e terapêuticas ditas não convencionais, complementares ou alternativas, virando as costas aos métodos tradicionais e por vezes reclamando da sua falência e contestando os seus resultados. Normalmente, faz o mesmo processo repetidas vezes, sem sequer dar tempo a que a terapêutica tenha tempo de actuar ou mesmo não questionando a si próprio se os seus hábitos de vida ou temperamento, serão os mais adequados para debelar a enfermidade em questão.
Falar em terapias complementares, assunto que nos tempos correntes se encontra tão em voga, faz sentido sempre que o homem for suficientemente consciente e honesto consigo próprio para preservar a sua saúde e participar no seu próprio bem-estar físico, psíquico e espiritual.
Assim, as terapias não convencionais, complementam as técnicas utilizadas formalmente, revitalizando práticas utilizadas durante muitos anos pelos nossos ancestrais, pois o seu uso ao longo dos tempos confirmou a sua utilidade. Só fazem sentido se trabalharem em conjunto e sem estarem de costas voltadas, pois o importante continua a ser o objectivo comum: o bem-estar físico, psíquico, espiritual e social do utente.
Se analisarmos os nossos antepassados mais recentes, recordamos decerto, práticas por eles utilizadas que continham fundamento científico, embora fossem utilizadas empiricamente. Lembraremos também que a maioria dos nossos medicamentos teve como origem as espécies vegetais.
Quase se perde no tempo a prática deste tipo de terapias para o alívio de sintomatologia incómoda, sendo muito diversas as suas metodologias, tal como os praticantes que nos deixaram estes legados. Assim, neste momento, podemos escolher complementar os nossos tratamentos com práticas de acupunctura, homeopatia, massagens terapêuticas, massagens biodinâmicas, reflexologia, tai chi, fitoterapia entre outras, que possam aliviar ou abrir novos caminhos para uma melhor vivência do nosso dia a dia.
Como tudo na vida, impera o bom senso e antes de nos colocarmos à mercê de uma técnica que desconhecemos ou com a qual não temos muito a certeza de ser para nós a mais indicada, deveremos verificar a credibilidade do técnico em questão, se possível ler e informarmo-nos sobre a técnica, qual a sua finalidade e aplicabilidade principal e colocar todas as questões a fim de esclarecermos todas as nossas dúvidas, isto antes de iniciarmos qualquer sessão.

Contacte a sua Equipa de Saúde/ Centro de Saúde, pois nele encontrará sempre alguém habilitado e disponível para o ajudar/ orientar na sua escolha.

CENTRO DE SAÚDE DE EIRAS
TELF. 239499500

Vacina Anti-Tetânica

Andreia Rocha, Enfermeira Graduada

Em época de grande corrida à vacina da gripe, considero oportuno falar um pouco sobre... vacina do tétano!

A vacina do tétano, ou vacina anti-tetânica foi incluída no Plano Nacional de Vacinação em 1965, altura a partir da qual começou a ser obrigatória em todas as idades. Desde então verificou-se uma grande redução na incidência desta doença, bem como no número de mortes por ela provocadas (Quadro 1).



O que é, então, o tétano?
O tétano é uma doença provocada por uma bactéria (Clostridium tetani), que pode viver durante anos na terra e nas fezes dos animais e que penetra no organismo de uma pessoa através de feridas contaminadas (Ex.: espinhos de rosas ou outras plantas, pregos ferrugentos, etc.).

Quais são os sintomas?
Cinco a dez dias após a contaminação, começam a surgir os primeiros sintomas, nomeadamente dificuldade em engolir ou falar, dores de cabeça, agitação, o chamado “riso fixo”.
O evoluir da doença vai provocar espasmos dolorosos em todos os músculos do corpo e o doente não consegue gritar nem falar devido à rigidez dos músculos do tórax e da garganta, o que o impede também de respirar com normalidade, levando à morte por asfixia.

O tétano tem tratamento?
Normalmente, cerca de metade dos casos de tétano evoluem para a morte, não havendo um tratamento específico e eficaz.
Podem administrar-se antibióticos para controlar a infecção e utilizar outras medidas terapêuticas para controlo dos sintomas que vão surgindo, mas estas não garantem a sobrevivência do doente.


Quem está sujeito a esta doença?
O tétano pode atingir qualquer pessoa, em qualquer idade e em qualquer profissão.

Como se previne?
Naturalmente que prevenir o tétano é muito melhor do que tratá-lo uma vez que se tenha manifestado.
A vacina é o único meio eficaz e seguro para evitar o tétano. Infelizmente, muitas pessoas ainda não estão vacinadas contra o tétano e continuam, nos dias de hoje, a existir mortes por tétano em Portugal.
Por esta razão, compete-me aqui deixar um apelo: VACINE-SE!
Dirija-se ao seu Centro de Saúde, ao seu (ua) enfermeiro(a) e informe-se.
A vacina é eficaz, gratuita, e para todas as idades!

CENTRO DE SAÚDE DE EIRAS
TELF. 239499500

Alcoolismo

Margarida Rodrigues, Enfermeira Graduada

Não se trata de uma fraqueza do carácter, nem de um vício, mas sim de uma DOENÇA.
O alcoolismo é caracterizado por uma dependência do álcool (etanol), tanto a nível físico como psíquico. Isto acontece quando o indivíduo, por mais esforço que faça, não consegue abster-se do consumo de bebidas alcoólicas, levando-o ao seu consumo descontrolado. A necessidade de beber preenche os seus pensamentos, alterando por completo o seu comportamento.
Numa primeira fase, por razões diversas, certas pessoas encontram no álcool efeitos tão particulares e vantagens tão importantes do ponto de vista psíquico e/ou social que não conseguem prescindir dele, levando-os a um consumo de risco, ou seja, o indivíduo consegue arranjar inúmeros pretextos para beber em sociedade.
Depois, a tolerância aumenta e há uma necessidade de beber cada vez mais para sentir os mesmos efeitos, caindo rapidamente num consumo problemático. Nesta fase, o indivíduo afasta-se o pouco a pouco dos outros e começa a perder interesse pelas actividades de vida diária. Bebe diariamente, muitas vezes ás escondidas e luta para controlar o consumo. Infelizmente nesta fase já existe um sério risco de alcoolismo e dificilmente ele consegue passar períodos longos sem beber, instalando-se assim a dependência. O álcool domina a vida do indivíduo que se tornou totalmente dependente. Ou seja, bebe para não sentir os efeitos da sua falta, o seu organismo tem necessidade de álcool para funcionar “normalmente”. O alcoólico torna-se uma pessoa insegura, perde as suas ambições, há uma diminuição das suas faculdades intelectuais, torna-se desconfiado e muitas vezes retraído.
E a família?! Esta sofre também as consequências dessa mudança. Principalmente, as pessoas mais próximas são atingidas no plano afectivo e no seu quotidiano, acabando por se sentir tão desamparadas como o doente alcoólico.
O alcoolismo é portanto, mais que um problema individual, na medida em que atinge a família no seu conjunto. A sua solução não é fácil, mas é ultrapassável, havendo uma necessidade premente de conhecer esta doença, de desfazer mitos, falsos conceitos e ideias pré-concebidas.
Um dos primeiros passos, fundamental para ajudar um membro da família que seja alcoólico, consiste em procurar ajuda fora do sistema familiar. Toda a família tem necessidade de ajuda e de apoio por parte de pessoas que conheçam bem o alcoolismo e as consequências desta doença. Existem serviços especializados e grupos de auto ajuda, que aconselham e acompanham os doentes alcoólicos e seus familiares, na resolução dos seus problemas.
Segundo a Sociedade Portuguesa de Alcoologia, existem em Portugal cerca de 600.000 dependentes do álcool, e haverá cerca de 2.400.000 pessoas que sofrem directa ou indirectamente as consequências desta doença. Sendo assim, cabe a cada um de nós estar informado e alertado para esta problemática, para da melhor forma poder ajudar.

CENTRO DE SAÚDE DE EIRAS
TELF. 239499500

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Relação Médico / Utente

António Alegre
Médico do Centro Saúde de Eiras / Director

Nem só falar e escrever de doenças é útil aos cidadãos e profissionais de Saúde

Assim, hoje e no âmbito da “Educação para a Saúde”, tomo a liberdade de abordar um tema de reflexão sobre o relacionamento médico / utente.

A terminologia de “Médico de Família”, como hoje se denomina, não é de forma alguma inovadora no que aos conceitos diz respeito, pois se nos reportar-mos a tempos idos, todos tínhamos o “Médico da Família”, normalmente sedeado na sua área de residência, a qual quase sempre coincidia com a dos seus progenitores.

Era o tal “regresso às origens”.

Era um médico que cuidava de todos os membros da família fossem eles crianças, grávidas, adultos jovens ou mais velhos, enfim até era confidente e conselheiro, tudo isto a troco, tantas vezes, de uma avença traduzida em géneros alimentares ou outros bens por eles produzidos.

Não lhe faltava nada e até tinha arte e sapiência.

Os tempos efectivamente mudaram e ainda bem. A tecnologia instalou-se, o corporativismo é um facto, a relação médico / utente / doente não pode ser mais a mesma e o”livro amarelo” é uma realidade, tantas vezes utilizado como coacção psicológica. É um instrumento muito útil, que pode e deve ser usado na satisfação dos direitos dos utentes e serve exclusivamente para isso. Temos consciência (profissionais de saúde e alguns utentes), que fazemos muitas coisas boas e bem feitas, as quais não são elogiadas (é tão simplesmente o seu dever), mas o mais pequeno deslize é de imediato objecto de reclamação, sem a tal tolerância que deve presidir a todo o relacionamento humano e é pena.

O utente nem sempre tem razão, mas tem algumas vezes.

Hoje, as necessidades de um cidadão / utente e algumas vezes doente, têm as mais variadas vertentes, pois ele é a declaração para o infantário, ginásio, a piscina, para a prática desportiva, para a carta de condução, para o uso e porte de arma, o tal atestado justificativo da evicção laboral ou a sua validação pelo S.N.S. ( Serviço Nacional de Saúde )e até para possuir uma determinada raça de cães, mas também se recorre ao médico quando, efectivamente, se está doente ou se sente necessidade de fazer o célebre “ Cheek up “ anual.

Este consumismo exagerado e nem sempre legitimado, retira e consome tempo à tradicional prática do acto médico, criando também um constrangimento e até conflito laboral entre o utente e a sua entidade patronal, pois “tanto” absentismo facilmente justificável é, como dizia a “tia” Adozinda (96 anos)…”desmasiado”.

Em algumas situações, o doente quando vai ao seu médico de família, já navegou na Internet e associou os sintomas que o apoquentam com um auto diagnóstico, quase sempre incorrecto, mas crítico quanto aos eventuais E.A.D.(s) (Exames Auxiliares de Diagnóstico) que pretendia que o seu médico de família lhe passasse e ele não passou.

Tanta informação para tão pouca formação.

Como era diferente o exercício da medicina antigamente….

O aspecto mais importante do relacionamento médico / utente é a “arte” da comunicação e neste particular deveremos escutar, que não é necessariamente só ouvir o utente ou o doente, interiorizar as suas preocupações, as suas queixas, avaliar e decidir, informando-o e co-responsabilizando-o na eventual atitude terapêutica.

Nenhum médico, só por si, pode prometer a cura a um doente.

Se estiver ou pensar que está doente, contacte sem pressas, o seu Centro de Saúde, onde encontrará sempre uma equipa disponível para o ajudar e dentro das capacidades instaladas, a resolver o seu problema.

Mais importante que conhecer a doença, é conhecer a pessoa doente e isso, nós especialistas de Medicina Geral e Familiar, sabemos fazer.

CENTRO DE SAÚDE DE EIRAS
TELF. 239499500

quarta-feira, 11 de junho de 2008

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Rastreio do cancro do colo do útero


Aposte na prevenção. Cuide da sua saúde!