terça-feira, 17 de junho de 2008

A utilização de Medicamentos




Dr. Luiz Miguel Santiago, MD Chefe de Serviço no Centro de Saúde de Eiras


Cerca de 75% das consultas de Clínica Geral/Medicina Familiar terminam em prescrição de medicamentos, sendo que cerca de 80% dos utentes consideram ter sido informados da necessidade de serem tomados medicamentos, tendo participado na decisão de os tomar.

Quando inquiridos, 97,2% dos doentes com Tensão Arterial Alta, referem estar a sua saúde dependente do(s) medicamento(s) que tomam, preocupando-se com possíveis efeitos futuros dos medicamentos 59,4%.
Na mesma amostra 34,3% dos inquiridos referem ser, para eles, os medicamentos um mistério e 61,8% refere ter preocupações com a possibilidade de vir a ficar dependente dos mesmos.

Ao mesmo tempo, num outro inquérito, 66,7% dos respondentes não consideravam que os médicos receitassem demasiados medicamentos, sendo que 40,7% diziam que os médicos prescreveriam menos medicamentos se estivessem mais tempo com os doentes.

Assim sendo, como interpretar a utilização de medicamentos quando, ainda por cima, nenhum médico pode assegurar a segurança completa de um medicamento, quanto mais pela associação de vários medicamentos ao mesmo tempo?!

Haverá assim uma tão elevada diferença entre o que os médicos podem oferecer e o que os doentes querem ter?

Estarão os doentes a querer tomar medicamentos para poderem continuar a fazer o que bem querem e lhes apetece, julgando que serão aqueles a resolução dos seus problemas sem um pequeno investimento seu?

Esperarão os médicos que pelo receituário prescrito, os quadros possam desaparecer só pela acção destes, dado que já não conseguem passar mais informação, ou porque concluem que esta já não é mais percebida?

Que razão presidirá ao facto de o utente comprar todos os medicamentos, ou apenas o que lhe apetece de uma receita?

Parece então, que apenas pela boa relação entre médico e doente em que, sem consumismo excessivo, com responsabilização mútua dos papéis – o médico percebendo e orientando o paciente e este cumprindo – mas ambos dialogando, poderá haver resultados em saúde.

O consumismo excessivo pode levar àquela história do pastor e do lobo, ou seja, quando de facto houve lobo já ninguém ajudou… até porque o médico é apenas um conselheiro e alguém que pode ajudar a perceber os problemas e a desenhar uma boa táctica para atingir o objectivo desejado.
A qualidade de vida, o não ter dores, o esperar que os medicamentos sarem tudo, o querer que alguém nos resolva os problemas do quotidiano, pode ser um desejo inatingível sem a compreensão do que se está a passar e sem pistas para a correcção do problema pelos nossos próprios meios.
Será possível?

CENTRO DE SAÚDE DE EIRAS
TELF. 239499500

1 comentário:

Anónimo disse...

MELHOR MÉDICO E MELHOR PESSOA DE TODOS OS TEMPOS.
ESPERO QUE SE MANTENHA NO CENTRO POIS SEM ELE OS UTENTES ESTÃO TRAMADOS, ATÉ OS OUTROS MÉDICO LHE VÃO PEDIR CONSELHOS MÉDICOS.
É INCRÍVEL E TEM SEMPRE UM SORRISO APRESENTAR.
BEM AJA DOUTOR