terça-feira, 26 de agosto de 2008

PIOLHOS !!!

Anabela Baptista, Enfermeira Especialista S. Infantil do C.S. de Eiras


Podem acontecer em qualquer cabeça.
Independente da raça, idade ou estrato social.
Em cabelos limpos ou sujos porque não tem apenas a ver com a falta de higiene.
É quase sempre pela comichão que se dá pela sua presença. Mas o facto de ter comichão na cabeça não implica que se tenham piolhos, tem de se verificar se eles lá se encontram. Com a ajuda de uma luz forte deve ser observada a cabeça com especial cuidado na nuca e atrás das orelhas.
Os piolhos não saltam nem voam mas parece que disso são capazes à velocidade com que se propagam. Especialmente entre crianças que tocam frequentemente com as cabeças umas nas outras e porque partilham objectos pessoais como escovas, pentes, chapéus e locais de dormir ou de encostar, os piolhos rapidamente encontram novas cabeças para viver.
Os piolhos são parasitas que necessitam do homem para sobreviver. Necessitam do sangue para se alimentarem e nas pequenas picadas que fazem para o sugarem injectam a sua saliva que contem um produto anticoagulante que funciona como um alergeno e é o que nos provoca a comichão.
Multiplicam-se muito rapidamente (cerca sete a dez dias), através de lêndeas (oito ovos por dia/por cada piolho) que se fixam nos fios de cabelo.
Assim, perante uma pediculose (infestação por piolhos) tem de se tratar:
- Aplicando um champô, creme ou loção anti parasitária respeitando as suas indicações,
- Pentear com um pente apropriado, para remover os piolhos e as lêndeas,
- Quando for aconselhado uma segunda aplicação deve-se esperar sete a dez dias entre as duas aplicações.
Podemos prevenir o contágio se conseguirmos:
- Evitar a partilha de escovas, pentes, chapéus e outros artigos que tenham contacto directo entre cabeças,
- Verificarmos os cabelos, sobretudo o das crianças, com alguma regularidade,
- Lavar as roupas das camas, escovas e pentes de cabelo em água bem quente (60º),
- Ao encontrar piolhos ou lêndeas na cabeça da sua criança alertar a escola ou núcleo onde ela se encontra inserida para evitar uma maior propagação.

Primeiros Socorros





Juliana Paciência, Aluna da Especialidade de Enfermagem em Saúde Comunitária C. S. Eiras

1ºs socorros, são uma série de procedimentos simples com o intuito de manter vidas em situações de emergência, os quais, na maioria das vezes salva e/ou diminui o sofrimento do acidentado, podendo ser feitos por qualquer cidadão desde que esteja capacitado para tal e com o equipamento mínimo, mantendo a vítima viva até a chegada de atendimento médico especializado.
É essencial informar as autoridades, devendo para o efeito ser directo e preciso sobre as condições da(s) vítima(s) e o local da ocorrência.
Toda a pessoa que estiver a realizar um atendimento de 1ºs socorros deve, antes de tudo, ter em atenção a sua própria segurança. O impulso de ajudar as outras pessoas não justifica a tomada de atitudes inconsequentes, as quais podem acabar transformando-o em mais uma vítima ou comprometer ainda mais a saúde do socorrido, provocando ainda mais lesões ou agravar as já existentes.
Existe uma manobra simples, que pode salva a vida quando um corpo estranho bloqueia a passagem de ar para os pulmões levando à asfixia, manobra essa denominada de Heimlich. Deve ser utilizada quando existem sinais de “engasgamento”, tosse, agitação e ou confusão. A vítima não consegue falar nem respirar e a sua pele, passado algum tempo, pode mudar de cor (cianose).
Deve-se abraçar a pessoa por detrás e colocar-se em posição de equilíbrio, colocando a mão em punho fechado entre as costelas e o abdómen, agarrando-a com a outra mão. Puxe a pessoa para cima na sua direcção, rápida e vigorosamente, repetindo os movimentos até que o corpo estranho seja expulso.
Esta manobra pode ser utilizada com a pessoa sentada ou deitada.
Caso se encontre sozinho e se sinta a asfixiar, tente aplicar a manobra a si mesmo ou com a ajuda do encosto de uma cadeira, de modo a que este se situe entre as costelas e o seu abdómen.
Se tiver perante um pessoa a desmaiar, então deve deita-la com a cabeça de lado e elevar as suas pernas, desapertar-lhe as roupas e mantê-la quente.
Em qualquer circunstância devemos ligar 112 e colocar a vítima em Posição Lateral de Segurança (P.L.S.), nunca dando nada a beber.
Esta posição permite uma melhor ventilação libertando as vias aéreas.
Esta manobra executa-se com a pessoa deitada, sendo que o socorrista ajoelha-se ao seu lado colocando-lhe a cabeça em hiper-extensão (para trás) e de lado, ao mesmo tempo que posiciona o braço do lado para onde se virou a cabeça, ao longo do corpo, flectindo a coxa do outro lado (contra-lateral).
As mãos do socorrista seguram no ombro e atrás do joelho oposto, rodando lentamente e em bloco o corpo, tendo sempre atenção aos movimentos torácicos, ouvindo os sons respiratórios e sentindo o ar expirado da vítima, a cada 10 segundos.
É imprescindível prudência na mobilização da pessoa / vítima, quando se ignoram os factos que desencadearam a situação, em particular se houver suspeita de lesão da coluna cervical.
NA DÚVIDA, CONTACTE O Nº 112

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: QUEM CALA CONSENTE...



Andreia Rocha, Enfermeira Graduada do C. S. de Eiras

“A violência doméstica mata mais mulheres do que o cancro”; “Em Portugal, registam-se 5 mortes por mês, colocando... acima da média mundial”; “...anualmente, quase 60 mulheres são mortas pelos seus companheiros”...

Estes são apenas alguns dos números associados à violência doméstica no nosso país. Contudo, este não é um problema exclusivamente nacional, nem tão pouco um fenómeno novo. De facto, sempre existiu, associado à desigualdade entre os sexos. Hoje é um problema com maior visibilidade devido à redefinição dos papéis do homem e da mulher na sociedade e da valorização desta última.
O que é, então, a violência doméstica? Trata-se da violência que ocorre no seio de uma relação íntima ou familiar. Pode traduzir-se por agressões físicas, abusos sexuais, mas também por maus-tratos psicológicos, sendo estes últimos a forma mais frequente de violência e também a que menos é vista como tal.
Nem só as mulheres são vítimas de violência doméstica. Qualquer pessoa, seja qual for o seu estatuto social, económico, cultural, religião ou idade o pode ser. Podem ser homens, idosos, crianças, jovens... podem ser pais, avós, filhos, cônjuges, companheiros ou namorados... mas são sobretudo mulheres! Em Portugal, os dados conhecidos em relação à violência doméstica revelam que 85% das vítimas são mulheres. Por outro lado, 89% destes crimes foram cometidos pelo cônjuge ou companheiro.
Muito raramente a violência doméstica surge como uma situação isolada, pelo contrário, habitualmente ocorre durante anos seguidos, com repercussões muito graves para a saúde física e mental das mulheres.
A prevenção desta situação tem a ver com cada um de nós e com a sociedade em geral. Passa pela educação dos jovens, promovendo valores como a igualdade de direitos e a cidadania.
Podem também suspeitar-se de potenciais agressores através de alguns sinais de alerta, nomeadamente:
· Grande possessividade, controlo e interferência no dia-a-dia e nas relações da mulher;
· Desvalorização da mulher, desautorização e insultos em público;
· Condutas violentas anteriores com outras mulheres;
· Acessos de fúria repentinos e sem sentido;
· Forma rígida de pensar, convencido de que tem sempre razão;

Romper com uma relação violenta não é fácil, exigindo uma grande dose de coragem e um apoio familiar e social sólido. Implica enfrentar o medo, a vergonha, a descriminação. Mas uma vez conseguido, a mulher é livre para começar uma vida nova, para si e para os seus filhos.
Também as pessoas violentas devem tomar a iniciativa de procurar ajuda afim de modificar o seu comportamento.
Em Portugal, desde 2000 que a violência doméstica é considerado crime público, isto é, qualquer pessoa que tenha conhecimento da sua existência, pode e deve denunciá-lo. Ficar calado é ser conivente com a sua existência.
Informe-se no seu Centro de Saúde.

Antes que o cancro chegue…




Dina Martins, Medica Interna do Internato complementar no Centro de Saúde de Eiras



Com o aumento da esperança de vida e o envelhecimento da população, as causas de morte têm vindo a modificar-se ao longo do tempo. De facto, tem-se vindo a assistir ao aumento da mortalidade por cancro, consistindo esta a segunda causa de morte em Portugal.
Felizmente, a evolução da Medicina conseguiu criar formas de detectar precocemente muitas destas doenças.
Os rastreios consistem na realização de exames à população saudável, com o objectivo de diminuir o número de novos casos e a mortalidade por cancro. Quanto mais precoce for a identificação da doença, maior a probabilidade de cura. Daí que seja fundamental a adesão a este tipo de exames, mesmo que não se sinta doente!
Em Portugal faz-se o rastreio do cancro:
- da pele: a toda a população;
- da mama: através de mamografia a partir dos 45 anos de idade e até aos 69 anos. Podem ser feitas ainda uma mamografia entre os 35 e os 40 anos e uma segunda entre os 40 e os 45 anos. Enquanto não tem idade e no intervalo dos exames, deve realizar mensalmente o auto-exame da mama.
Para saber como o efectuar peça informação à sua equipa de saúde
- do colo do útero: a todas as mulheres entre os 25 e os 64 anos;
- do intestino / cólon rectal: a partir dos 50 anos a toda a população.
Se já teve problemas ou existam casos na família de cancro, informe o seu (sua) médico (a). Somos todos diferentes e a nossa individualidade poderá justificar uma abordagem distinta.
Há determinadas características pessoais e familiares que constituem um maior risco de poder vir a sofrer de cancro. É o caso de pele e olhos claros, exposição ao sol durante períodos de maior calor e queimaduras solares (cancro da pele), ou existência de casos na família (cancro da mama e do intestino).
Algumas regras básicas que estão na sua mão para ajudar a prevenir o cancro são:
- não fume
- beba bebidas alcoólicas com moderação
- consuma alimentos ricos em fibras, frutas e legumes frescos
- evite o excesso de peso. É importante o exercício físico regular e tenha uma alimentação pobre em gorduras.
- evite a exposição solar em excesso, especialmente em crianças
- participe nos rastreios promovidos e aconselhados pelo seu médico
- faça o auto-exame da mama mensalmente
Apesar de poder recorrer a estes pequenos “segredos”, não se esqueça de consultar o seu médico se:
- notar um caroço ou outra alteração na mama
- não cicatrizar bem de uma ferida
- tiver um sinal que mude de cor ou tamanho
- perder sangue de forma anormal
- tiver um problema de saúde que teime em não melhorar (rouquidão persistente, alteração dos hábitos intestinais, perda de peso sem explicação)
Pela sua saúde, actue… antes que o cancro chegue!

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Medicamentos: E depois de tomados…




Luiz Miguel Santiago, MD Chefe de Serviço no Centro de Saúde de Eiras

Já alguma vez se perguntou sobre o que acontece após engolir um medicamento ou tê-lo colocado na pele? Ou após lhe ter sido injectado ou administrado de uma outra qualquer forma?

Certamente já percebeu que quando tem fome, porque o seu corpo acha que há pouco açúcar a circular, só consegue resolver tal problema comendo. E depois de comer voltará a ter fome daí por umas horas. E se comer demais ou se comer muito poucas vezes por dia, mas comendo muito ou sobretudo certos tipos de alimentos, virá a ter reflexos no seu corpo, nomeadamente um pouco mais de barriga, maior cansaço, pior qualidade de vida e até mesmo, a prazo, outras doenças que podem ser motivadas quer pelo excesso quer pela falta ou carência!

Pois bem: com os medicamentos passa-se exactamente o mesmo!

Quando, por exemplo engole uma cápsula ou um comprimido, este vai para o estômago e daí par o intestino delgado. Tanto num como no outro é absorvido, isto é, entra na corrente sanguínea e com o sangue vai a toda a parte do nosso corpo, ou seja, depois de absorvido é distribuído e, ao ser distribuído, entra em contacto com todas ou quase todas as mais pequenas partes do nosso organismo, onde vai poder modificar algumas funções do corpo - que é o que se pretende que aconteça - no bom sentido entenda-se. Esta actuação do medicamento chama-se farmacodinâmica. Até esta fase tomámos algo que depois de ingerido, foi absorvido e fez efeito!

Ao mesmo tempo que se distribui em todo o corpo, o medicamento, entra em contacto com órgãos que o modificam por forma a que, de apenas misturável em gordura, passe a ser misturável em água, ou seja, o nosso corpo faz aquilo que tecnicamente chamamos de farmacocinética. Assim o medicamento passa a ser eliminado quer pelas fezes quer pela urina, locais onde também muitas vezes é eliminado sem ter sido alterado pelo corpo.

Temos assim duas características importantes da relação entre medicamento e organismo :- o que ele nos faz, a farmacodinâmica e o que nós lhe fazemos, a farmacocinética.

Isto é mais ao menos igual ao que nos acontece com os alimentos.

Só que quando falamos em medicamentos e alimentos, falamos também de muitas outras acções que podemos desencadear no nosso corpo, como por exemplo os remédios caseiros.

Definindo remédio como o produto que se compra na ervanária (o chá), o tratamento de acupunctura, quando toma remédios de médicos de outras medicinas, ou aquilo que prepara em casa segundo receita que lhe deram ou de que soube, é bom saber que estes não são mais que formas de administrar ao corpo substâncias que até são capazes de modificar funções como os medicamentos. Acerca dos remédios, nós não sabemos exactamente quanta substância é ingerida em cada chávena de chá, nem qual o exacto componente que actua, enquanto que no medicamento sabemos isso tudo. E ainda sabemos que muitos dos medicamentos, aquilo que é receitado pelos médicos, até são desenvolvimentos a partir dos remédios, por não haver capacidade de encontrar matéria prima na natureza para a quantidade de substância necessária à industria farmacêutica.

Os menos novos lembrar-se-ão ainda das mais antigas farmácias, onde se arranjavam os linimentos, os manipulados, os xaropes e as pomadas, após a entrega de uma receita feita por um médico. Dava-se a receita e íamos lá, mais tarde, levantar o frasco com um rótulo e um escrito explicativo.

Muitas pessoas tomam remédios e medicamentos, sendo que ambos são transformados pelo nosso organismo ou seja, ambos têm farmacocinética! Por vezes concorrem um com o outro, pelo que podem aparecer sinais e sintomas que se julgam devidos a uma doença nova, mas que afinal apenas são devidos a acções entre eles, o que também acontece com alimentos e outros medicamentos. Assim sendo, a informação ao seu médico de família sobre o que está a tomar, é certamente muito importante para o seu bem-estar e qualidade de vida.


Saúde Oral




Conceição Castro, Enf. Especialista S. Pública do C.S de Eiras

Tendo em conta que o processo digestivo se inicia com a mastigação, uma nutrição adequada está intimamente relacionada com uma boa saúde oral, pois o estado da boca influencia o tipo de alimentos ingeridos e a sua transformação. Das doenças orais mais comuns, a cárie é das afecções mais frequentes em todos os grupos etários.
A cárie dentária pode definir-se como uma doença infecto – contagiosa degenerativa que destrói os dentes, e resulta da interacção de vários factores. A produção de ácidos resultantes do metabolismo das bactérias, a presença de hidratos de carbono refinados e o esmalte dentário susceptível de ser dissolvido pelos ácidos, provocam desmineralização suficiente para permitir uma penetração bacteriana no dente.
Esta patologia, segundo a DGS, (2005) constitui um dos principais problemas de saúde da população infantil e juvenil. Aos 12 anos o número de dentes cariados, perdidos ou obturados é de 2.95 (índice CPO), aos 6 anos apenas 33% das crianças não tem cárie.
O atendimento terapêutico/curativo dificilmente solucionará esta patologia. Para reduzir a sua incidência e prevalência é essencial melhorar os conhecimentos e comportamentos em saúde oral.
Para prevenir a cárie, não é necessário dispor de meios tecnológicos sofisticados, mas sim intervir eficazmente sobre os três principais factores:



- Reduzir as bactérias cariogénicas ou anular a sua capacidade fermentativa da sacarose, através duma eficaz higiene oral. Segundo a DGS, (2005) deve iniciar-se logo após a erupção do 1º dente, 2 vezes por dia após as refeições, e a quantidade de dentífrico fluoretado, deve ser idêntica ao tamanho da unha do dedo mindinho da mão da criança.
É também imprescindível na higiene oral, o uso do fio dentário, que segundo a DGS, (2005) deve iniciar-se por volta dos 8-9 anos, quando a criança começa a ter destreza manual para o manipular.

- Uma alimentação equilibrada com o consumo adequado de todos os nutrientes (proteínas, gorduras, hidratos de carbono, vitaminas e minerais) nas porções recomendadas na roda dos alimentos. E a redução de açucares, bolos e sumos açucarados, especialmente fora das refeições.

- Aumentar a resistência da estrutura dentária aos agentes agressores, através da utilização de bochechos fluoretados a partir dos 6 anos e pastas dentífricas com flúor.A saúde oral constitui um grande problema de Saúde Pública, mas através de medidas simples como as descritas, é possível reduzir o aparecimento da cárie.

domingo, 10 de agosto de 2008

Alergias





António Alegre, Médico do Centro Saúde de Eiras / Director

Introdução

Chegou a Primavera e com ela chegaram também as alergias.
Decorre desta afirmação uma relação de causalidade, manifesta aliás no aumento significativo da procura dos cuidados de Saúde por parte dos utentes/doentes com esta patologia.

Segundo estudos efectuados, estima-se que cerca de 20% das pessoas são alérgicas aos pólens (existentes em maior quantidade nesta época do ano), mas é necessário que, concomitantemente, exista um terreno, predisposição do doente para isso, atingindo a criança, o adolescente, o adulto e até o idoso.

Sintomas

Os principais sintomas são a rinite (como que... nariz entupido), tosse, falta de ar mais ou menos intensa com pieira ou não, espirros frequentes, conjuntivite (patologia dos olhos), asma, etc.)

Na sequência, ou na presença daqueles sintomas podem ocorrer infecções secundárias, as chamadas complicações, como a sinusite, a traqueite e até pneumopatias, algumas delas graves.

É evidente que só pelos sintomas poderemos arriscar um diagnóstico, mas o mesmo só pode ser confirmado pela sua equipa de Saúde.

Não se pode deduzir pelo atrás exposto que só existam alergias com repercussão no aparelho respiratório, pois a nível da pele os reflexos das mesmas podem também acontecer, com manifestações de prurido e urticária, extremamente incomodativas.

Tudo isto tem por base alergenos, ou sejam substâncias que produzem alergias em algumas pessoas e que em determinadas situações, não são nada fáceis de identificar.

Uma pequena História

“Uma senhora que sempre que se deitava na cama com o marido não parava de espirrar, não era necessariamente alérgica ao “after shave” do mesmo, mas, e após vários estudos, era sim alérgica à cola do aglomerado de madeira do estrado do colchão.”

Depreende-se pela história que por vezes não é fácil determinar a causa das alergias e consequentemente determinar o seu tratamento.


Tratamento

Passa necessariamente e em primeira instância, pela adopção de medidas minimizadoras dos sintomas:

- Evitar áreas de elevada polinização.
- Reduzir ou evitar actividades em ambiente exterior (caminhar na floresta, cortar relva, etc.
- Manter janelas fechadas em dias de vento, muito quentes ou secos.
- Nos automóveis, viajar com as janelas fechadas e nos motociclos usar capacete integral.
- Usar óculos fora do ambiente doméstico.
- Evitar desportos (até de lazer) no exterior e em especial no período da manhã.

Quanto ao uso de medicamentos para controlo das “crises”, eles são vários e dependem, evidentemente dos sintomas apresentados.
Anti-inflamatórios, anti-histamínicos, bronco-dilatadores (existem em comprimidos, xaropes, inaladores, etc.) e vacinas apropriadas, são medicamentos que o seu médico de família não deixará de prescrever quando necessário.

Não se auto medique, antes pelo contrário, consulte o seu médico de família e siga, com rigor, a posologia (nº de tomas de medicamentos, horários dos mesmos e procedimentos nas crises) que ele lhe aconselhar.

Pode saber mais consultando o site:
http://www.spaic.pt/

Acne



Inês Rosendo, Médica Interna de Medicina Geral e Familiar do Centro de Saúde de Eiras



O acne é a doença de pele mais comum (afecta 8 em cada 10 adolescentes e jovens e pode afectar pessoas de todas as idades).

Como se forma:

O acne vulgar forma-se por causa da obstrução/entupimento de glândulas sebáceas – glândulas produtoras da gordura da pele ou sebo - que existem no corpo junto aos pêlos. Uma bactéria que vive normalmente na pele cresce no interior desta glândula obstruída e produz substâncias que levam à inflamação do local: dor, vermelhidão, calor e inchaço das borbulhas que inflamam.




Causas:

Não se sabe bem a causa exacta do acne mas pensa-se que será em parte genética.
A razão porque começa na pré-puberdade/adolescência é por ser nesta idade que começam a ser produzidas algumas hormonas que aumentam a produção do sebo/gordura. Estas hormonas também estão alteradas na gravidez.
Muitas das pessoas que têm acne mais tarde é por as suas glândulas sebáceas serem muito mais sensíveis a estas hormonas.

O que é?

O que caracteriza o acne é o aparecimento na cara, peito, ombros e costas (onde há mais glândulas sebáceas) de “pontos negros” (estes são pretos por alterações do sebo ao contactar com o ar e não devido a sujidade) e “pontos brancos”, borbulhas inflamatórias, nódulos e até quistos cheios de pus que podem levar a cicatrizes. Existem normalmente várias lesões diferentes ao mesmo tempo.
O que agrava

Há vários factores que estão provados piorar o acne em alguém que já o tem, como por exemplo, as hormonas das mulheres uns dias antes do período, a gordura nos produtos para a pele ou do ambiente de trabalho (como na cozinha), os capacetes ou mochilas ou colares ou roupas que sejam apertados, a poluição, a humidade, o stress e alguns medicamentos (como o lítio, alguns medicamentos para a epilepsia e alguns antibióticos e hormonas). Não está provado cientificamente que a comida (chocolates, gorduras) influencie o acne.

Como se trata?

Tem que se ter sempre em atenção que nenhum medicamento cura completamente o acne mas antes previne o aparecimento de novas borbulhas e melhora as que já estão presentes, evitando que se formem as cicatrizes. Estes tratamentos normalmente duram muito tempo.

Tenho acne, o que posso fazer para cuidar da minha pele?

É importante uma boa higiene da pele. Assim, deve-se lavar a cara toda todos os dias, duas vezes por dia e depois de se fazer exercício. É importante que esta lavagem seja suave e que não se esfregue agressivamente a pele da cara. Lavar o cabelo é também importante para a saúde da pele e para evitar o acne.
Não se devem espremer as borbulhas, evitando-se tocar nestas e nos pontos negros. Deve-se ter cuidado ao barbear e pode-se fazer uma limpeza de pele desde que esta seja suave.
Tente evitar os produtos para a pele e para o cabelo com gordura e evite os factores que agravam o acne como o stress, humidade, roupas apertadas e a poluição.
Se estiver a fazer tratamento para o acne é melhor evitar a exposição demasiada ao sol porque a maioria destes medicamentos levam a uma maior sensibilidade a queimaduras solares.

Importante:

Não pode esquecer que, apesar do acne ser muito comum, ele é uma doença que pode levar à formação de cicatrizes para toda a vida, que podem levar a uma baixa auto estima e até depressão. Quanto mais cedo for ao médico e quanto mais cedo começar o tratamento, menos cicatrizes terá.


Para saber mais

Consulte o seu médico de família ou dermatologista e/ou procure informação na internet nos seguintes sites:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Acne
http://www.manualmerck.net/
http://www.mni.pt/
http://www.arsc.online.pt/

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Partilhar, sim... micróbios, NÃO!


Andreia Rocha, Enfermeira Graduada do CS de Eiras



O povo português orgulha-se de ser um povo generoso, sempre pronto a abrir as portas de sua casa e a partilhar com outros o que tem de melhor... e não só!
Esta época do ano sugere-me falar um pouco sobre doenças respiratórias infecciosas, por ser rica nas chamadas infecções sazonais, isto é, que estão relacionadas com a estação do ano, nomeadamente a gripe, o resfriado comum, entre outras.
Contudo, não gostaria que o que vou transmitir caísse no esquecimento durante o resto do ano, já que outras doenças existem, também elas contagiosas, e que não dependem das estações, como é o caso da tuberculose pulmonar, por exemplo, que está a tornar-se mais frequente do que seria desejado.
Todas estas doenças têm um denominador comum, que é a forma de transmissão, ou seja, todas elas são transmitidas através de partículas de saliva de uma pessoa infectada, especialmente através de tosse e espirros, mas também por contacto directo, por exemplo através das mãos ou de objectos contaminados.
Dada a relativa facilidade com que se transmitem e também a gravidade de algumas delas, cada um de nós tem a responsabilidade de se proteger a si próprio, mas também de evitar contagiar os outros.
Para tal, a Direcção-Geral da Saúde recomenda uma série de medidas simples que podem contribuir para reduzir o risco de contrair e propagar estas infecções. São as seguintes:
- Em caso de doença, reduza os contactos com outras pessoas;
- Lave frequentemente as mãos com água e sabão e sempre depois de tossir, espirrar ou assoar-se;
- Se tossir ou espirrar, deve proteger a boca e o nariz com um lenço de papel ou com o antebraço (e não com a mão);
- Use lenços de papel de utilização única para se assoar;
- Evite frequentar ambientes saturados e mal arejados, com aglomerados de pessoas (ex.: transportes públicos, locais de diversão);
- Promova e incentive o arejamento dos locais atrás referidos;
- Ensine as crianças a adquirir estes hábitos desde pequeninos;

Quando se fala em evitar ambientes mal arejados e saturados, incluem-se as salas de espera dos hospitais e centros de saúde, com a agravante de o aglomerado de pessoas que se encontram nestes locais estarem provavelmente doentes. O que vai acontecer é o seguinte: você vai transmitir aos outros o seu micróbio, mas vai levar para casa, para si e para a sua família, os micróbios que lhe foram “oferecidos” pelas dezenas de pessoas que se encontravam na sala.
Como alternativa ao recurso imediato aos serviços de Saúde, a Direcção-Geral da Saúde oferece uma linha de aconselhamento, a Saúde 24 – 808242424, disponível 24 horas por dia, a que pode recorrer ao custo de uma chamada local e onde lhe farão o encaminhamento necessário, ou o ajudarão a resolver a situação por si próprio.
Colabore com os serviços de saúde no controle destas doenças. Vamos partilhar apenas as coisas boas, os micróbios, NÃO!

Fumar para quê?







João Araújo, Estudante de enfermagem do 4º da ESEnfC – Pólo A


O consumo de tabaco é a epidemia que mais mortes evitáveis causa no mundo, matando 4.9 milhões de pessoas anualmente em todo o Mundo e 8.500 em Portugal. (Nunes, 2003, e Martins, Mendonça e Pires, 2006)
Actualmente devido a uma grande quantidade de informação alusiva às consequências do consumo do tabaco, passivo ou activo, verifica-se já uma grande aceitação e reconhecimento dos seus malefícios, nomeadamente em relação a cancros e tumores malignos. No entanto apenas 18% da população fumadora reconhece a existência de uma relação entre o tabaco e as doenças cardiovasculares (Coelho, 2002, citado por Martins, Mendonça e Pires, 2006). Isto vem portanto confirmar o grande desconhecimento que envolve os hábitos tabágicos.
Um cigarro é composto por mais de 4000 substâncias sendo a nicotina o principal componente psicoactivo do tabaco (Schuckit (1998), citado por Martins, Mendonça e Pires, 2006). E de acordo com Lebargy (2003, p 91), citado pelos mesmos autores, esta é uma droga que “exerce um papel central na dependência tabágica”. E ainda que o grau de dependência pela nicotina varie de indivíduo para indivíduo esta irá sempre afectar todo o fumador a médio, longo prazo, devido às suas propriedades bioquímicas e respectivas respostas fisiológica do organismo.
Os sintomas mais comuns na privação tabágica são o aumento de desejo pelo tabaco, irritabilidade, ansiedade, dificuldade de concentração, inquietação, diminuição do padrão de vigília, tonturas, sentimentos de hostilidade e dores de cabeça. (Schuckit, 1998, citado por Martins, Mendonça e Pires, 2006).
Para além da dependência física e psicológica existem outras consequências negativas do consumo de tabaco, nomeadamente o aumento do risco de cancro (pulmão língua, boca, faringe, laringe, esófago, estômago, entre outros), da manifestação de doenças do aparelho circulatório (cardiopatias, hipertensão, entre outras) e do aparecimento de doenças respiratórias crónicas (bronquite crónica, enfisema pulmonar e asma) (Nunes, 2003). São ainda outros efeitos do tabaco o envelhecimento precoce da pele, a diminuição do olfacto e do paladar, o aumento da tosse, a deterioração dos dentes, o aumento da celulite e a não menos importante diminuição no orçamento pessoal e/ou familiar.
Na tentativa de reduzir o número de consumidores do tabaco e respectiva morbilidade tem-se investido bastante na prevenção primária, pois a complexidade do fenómeno assim o exige. Chegou-se à conclusão que o melhor método de prevenir problemas de saúde consequentes do consumo de tabaco passa pelo absentismo, ou seja nunca consumir tabaco. Caso consuma, e já não vá a tempo de adoptar esta medida, dirija-se ao seu centro de saúde pois aí saberão ajudá-lo.