sexta-feira, 27 de junho de 2008

FIBROMIALGIA:- ...Quando a dor não tem explicação…

Gonçalo Pimenta, interno do 2º ano de Medicina Geral e Familiar

A fibromialgia não é considerada uma doença típica, mas sim uma síndrome de dor músculo-esquelética difusa, não inflamatória, não articular, com pontos dolorosos à palpação muscular em locais definidos.
Com uma prevalência de 2% a 5% na população adulta, inicia-se entre os 20 e os 50 anos, sendo a mulher 5 a 9 vezes mais afectada que o homem.
É uma doença de natureza funcional, de causa e mecanismos desconhecidos, que se caracteriza por dores crónicas e espalhadas por todo o corpo (que não limitam a mobilidade), palpação das massas musculares difusamente dolorosa, sono superficial e não reparador, rigidez (de predomínio matinal), fadiga e debilidade muscular.
Acompanha-se, frequentemente, de depressão psíquica, ansiedade, irritabilidade, dores de cabeça, dormência de pés e mãos ou perturbações gastrointestinais ou cognitivas. As queixas são muitas vezes agravadas pelo stress emocional, frio, humidade, ruído, mudanças climatéricas ou excesso de esforço e tendem a melhorar com o calor ou as férias.
Não há qualquer sinal bioquímico ou imagiológico que justifique a dor, o que dificulta o diagnóstico. Este é feito apenas com base nas queixas subjectivas do doente, servindo os exames complementares apenas para excluir outras patologias com sintomas semelhantes ou detectar doenças associadas.
Alguns médicos ainda questionam a existência da fibromialgia como entidade clínica, sendo os doentes fibromiálgicos, muitas vezes, incompreendidos e até estigmatizados.
Além de ser difícil o diagnóstico desta síndrome, o seu tratamento é também complicado, já que a diversidade de sintomas pode exigir um vasto leque de soluções terapêuticas.
Desde logo, são importantes a correcta informação e tranquilização do doente, bem como compreensão e apoio psicológico. Estes doentes “precisam” de saber que existe um nome para os sintomas “misteriosos” que eles sentem. O doente deve apostar no exercício físico para manter os músculos activos, mas o seu plano de treinos deve ser elaborado em conjunto com o seu médico, de acordo com as suas capacidades e tendo em vista a saúde, a boa forma e a auto-estima.
Ginástica aeróbica, caminhadas, hidroginástica ou massagem, são algumas das opções a considerar.
O tratamento farmacológico é feito com recurso a antidepressivos, ansiolíticos, hipnóticos, analgésicos, anti-inflamatórios, relaxantes musculares ou anticonvulsivantes, devendo ser prescritos de acordo com os sintomas individuais de cada doente.
A acupunctura também pode ter um papel benéfico em alguns casos.
Não há ainda cura para a fibromialgia, mas a qualidade de vida do doente pode melhorar bastante se houver uma terapêutica continuada e ajustada aos novos sintomas que surjam.

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