terça-feira, 8 de julho de 2008

Diabetes

Paula Lopes, Enfermeira Graduada do C.S. Eiras - Extensão de S. Paulo de Frades

A diabetes é uma doença crónica muito comum. Segundo o Inquérito Nacional de Saúde afecta 6,5% da população Portuguesa.
Prevê-se que haja cerca de 200 a 300 mil pessoas com diabetes não diagnosticadas. Há um aumento de cerca de 40% desta doença nos últimos 20 anos. São dados que a todos nos devem preocupar.
A diabetes deve-se à falta de secreção de insulina por parte do pâncreas e/ou à diminuição do seu efeito. É esta hormona que permite a utilização como energia dos hidratos de carbono dos alimentos, originando assim a sua falta um aumento do açúcar no sangue.
Existem 2 tipos de diabetes:



  • Diabetes Tipo 1 – tem início na infância e/ou adolescência, podendo também aparecer noutras idades. Deve-se à destruição das células produtoras de insulina no pâncreas, o que leva a uma deficit absoluto da mesma, pelo que é obrigatório a administração de insulina.

  • Diabetes Tipo 2 – surge normalmente em idades mais avançadas e é dez vezes mais frequente do que a Diabetes Tipo 1. É caracterizada pela associação de falta parcial da produção de insulina com um aproveitamento inadequado da mesma. É primordial a realização de uma alimentação equilibrada e exercício físico. No entanto, pode ter de se recorrer a anti - diabéticos orais (comprimidos), insulina ou ambos.
    Este tipo de diabetes pode passar despercebida durante muito tempo. É frequente que existam pessoas na família com diabetes.

Para o diagnóstico da diabetes é geralmente realizada uma análise ao sangue em jejum no laboratório. A diabetes confirma-se quando o valor é igual ou superior a 126mg/dl em duas ocasiões. Quando o valor se encontra entre 110-125 mg/dl considera-se que existe uma glucose anormal em jejum. Abaixo de 109mg/dl considera-se normal.
Não podemos esquecer que a obesidade aumenta 2 a 3 vezes o risco de desenvolver doenças cardiovasculares, a hipertensão arterial aumenta 5 a 6 vezes o risco de doença coronária e enfarte do miocárdio, o colesterol alto associa-se ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares, o tabaco também aumenta o risco de morte por doença cardiovascular.
Uma diabetes descompensada leva a complicações graves ao nível:

- dos olhos em que as mais frequentes são: cataratas; glaucoma e retinopatia que é a mais grave das complicações oculares e que podem mesmo levar à cegueira.

-dos rins (nefropatia) – as lesões dos rins podem-se prevenir através da normalização das glicemias e da tensão arterial.

- dos pés – o mau controlo da diabetes a longo prazo pode ser responsável por 2 tipos de problemas:



  • uma diminuição da sensibilidade á dor (neuropatia sensorial)

  • uma diminuição da capacidade em receber mais sangue quando é necessário (arteriosclerose)
    Para prevenir problemas graves nos pés deve-se realizar um bom controlo da diabetes, boa higiene dos pés, examinar os pés diariamente (se for difícil para o utente, use um espelho ou, peça ajuda a outra pessoa), deve manter os pés secos e limpos, não usar meias nem sapatos apertados, limar as unhas em vez de as cortar. Em caso de aparecimento de alguma ferida deve contactar a sua equipa de saúde.
    - dos acidentes cardiovasculares – a arteriosclerose pode provocar Acidentes Vasculares Cerebrais ou enfartes. Pode ser prevenido através do controlo da diabetes, da hipertensão arterial, da obesidade e níveis elevados de colesterol, diminuição do uso do tabaco e de hábitos sedentários.

Esta é uma doença crónica que como o nome indica não tem cura, mas que estando controlada permite ao utente ter uma boa qualidade de vida.
É importante que os profissionais de saúde e os utentes parem para pensar nestes números preocupantes, que os pais e encarregados de educação parem para pensar na alimentação que estão a dar aos seus filhos, porque a prevenção tem de começar na infância. Deste modo se poderá evitar situações de obesidade infantil que poderão predispor o indivíduo para esta doença quando atingir o estado adulto.

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