quinta-feira, 17 de julho de 2008

Uma nova Epidemia: Obesidade Infantil

Andreia Rocha, Enfermeira Graduada do C.S. de Eiras

Segundo a Organização Mundial de Saúde, a obesidade na Europa tem vindo a atingir proporções epidémicas, triplicando a sua prevalência nas últimas duas décadas.
Este aumento também se verifica entre as crianças e adolescentes, com grande impacto negativo para a sua saúde.
Em Portugal 30% das crianças entre os 7 e os 11 anos têm excesso de peso, aumentando o risco de desenvolver doenças como diabetes tipo 2, hipertensão arterial e problemas de sono, já para não falar de problemas psicossociais decorrentes do estigma de “ser gordo”. Têm ainda grande probabilidade de permanecer obesos na idade adulta e desenvolver doenças mais graves, reduzindo a qualidade e a esperança de vida.
Na base deste problema estão duas causas principais: a alimentação e o sedentarismo.

Alimentação
Hoje assiste-se a um abandono da dieta tradicional portuguesa, substituindo-a por hábitos alimentares muito menos saudáveis, importados de outros países.
A utilização do pão, do azeite, do peixe, da fruta e dos legumes está a ser substituída por alimentos como as pizzas, os hambúrgueres, a comida previamente confeccionada que se coloca no microondas e os refrigerantes com gás.
Por outro lado, a publicidade dirigida às crianças está recheada de chocolates, cereais com açúcar, bolos e fast-food, incentivando ao consumo através da oferta de brindes, da utilização de desenhos animados e de mensagens de felicidade.

Sedentarismo
As crianças, sobretudo as que vivem nas cidades, passam o tempo em frente da televisão, do computador e de jogos electrónicos. Deixaram de realizar actividades ao ar livre, como correr, jogar à bola, andar de bicicleta. Isto prende-se muito com a falta de espaços e de segurança para o fazer, mas também com a falta de motivação das crianças e de incentivo dos pais, que se reflecte na pouca importância atribuída à disciplinar escolar Educação Física.

A resolução deste problema é complexa, envolvendo famílias, escolas, comunidades, autarquias e governo central e deve incidir na promoção da alimentação saudável e da prática de exercício físico regular, bem como no controle da publicidade dirigida às crianças, como já é feito em alguns países.

No entanto, todos nós, pais, podemos dar o nosso contributo através do exemplo que damos em casa aos nossos filhos. Deixo aqui algumas sugestões:
- Criar hábitos alimentares saudáveis em casa;
- Não premiar as crianças com doces ou outros alimentos prejudiciais;
- Acompanhá-las na prática de actividades físicas ao ar livre;
- Limitar horário da televisão e do computador;
- Proporcionar brinquedos e brincadeiras activas, mesmo em casa (Ex.: bolas saltitonas, balões, lutas de almofadas);

Ao fazermos isto estaremos a cuidar para que as nossas crianças se transformem em adultos saudáveis.

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