sexta-feira, 11 de julho de 2008

O medicamento: porquê, para quê e como?!

Luiz Miguel Santiago, MD - Chefe de Serviço no Centro de Saúde de Eiras

Quem de nós não tem hoje em casa quase uma “farmácia”?

Quem de nós não tem familiares, ou só conhecidos, ou nós mesmos, que precisam de tomar medicamentos para curar uma doença aguda, como uma amigdalite, ou para controlar outra, crónica, como a tensão arterial alta, um mal estar psíquico, ou dores graves contínuas nas articulações, ou uma asma ou uma bronquite, ou mesmo a diabetes ou o excesso de colesterol!

Pois é, o medicamento está hoje muito presente nas nossas vidas e no nosso dia a dia.

Tomamo-lo por vezes porque a dor de cabeça é insuportável e noutras até nem o tomamos porque é uma maçada ter de todos os dias engolir uma cápsula ou um comprimido por causa de uns valores que estavam alterados nas análises de rotina! E noutros casos até nem os tomamos porque, apesar de receitado, este mês houve outras despesas e já não há orçamento para tudo!!!!

E nem pensamos no que está em causa na relação “doença/medicamento”!

Se no caso da dor de cabeça (aqui apenas como um exemplo) com um “medicamento” para as dores ficamos melhor e sabemos, quer por experiência própria quer porque no-lo disseram, que não há risco de o tomar por períodos curtos e porque a doença é benigna e transitória, noutros casos e noutras doenças já o mesmo não sucede.

As doenças diagnosticam-se pela apresentação de queixas e verificação por sinais, depois confirmados por exames analíticos ou outros.

E as doenças, muitas vezes, necessitam de “tratamento” por medicamentos.

Os medicamentos podem ajudar a controlar a doença. Há indicações exactas para a utilização de cada medicamento, que os médicos conhecem, não sendo indiferente o tipo de medicamento a usar para uma doença num indivíduo em particular e com uma história própria.
Mas se uma doença pode apenas ter controle e não cura, é de toda a importância que quem está doente e vai ter de tomar medicamentos, seja informado e perceba essa informação do porquê de os tomar, das consequências de os tomar e do que esperar por os tomar e… aceite conscientemente a necessidade de os tomar.

O medicamento, sabe-se por estudos realizados, pode permitir obter um determinado resultado se tomado em certa dose, em determinado horário, por um certo período de tempo e se for ajudado por medidas, não forçosamente medicamentosas, que o doente deve aceitar realizar.

E o medicamento tem um preço a pagar na farmácia quando é comprado, que pode até ser bastante elevado, pelo que investir dinheiro no próprio corpo e utilizá-lo mal, até pode parecer um contra-senso!

Se utiliza um produto para “curar” uma doença e este faz efeito, o resultado pode desaparecer assim que o deixe de tomar, pelo que é bom que perceba porque o deve tomar e queira ter informação sobre os seus medicamentos.

Ou seja:
Há indicação para receitar medicamentos;
Há alguém, o doente, que os vai ter de tomar .
Esse alguém, deve ter informação sobre a razão de tomar medicamentos para conscientemente aceitar o tratamento e,
Esse alguém, passa a ser o responsável pela toma da sua medicação.

1 comentário:

Anónimo disse...

Caro Dr. É importante o que diz, mas como sabe, antes de confiar no medicamento há que confiar no profissional que o receita, e essa confiança conquista-se, "olhos nos olhos, na escuta, no dialogo..." 99% dos médicos "receita /medica" não "presta serviço/cuidar/tratar"
enquanto o médico se preocupar em despachar as consultas de caneta na mão e não utilizar todos os outros dons que Deus e a ciência lhe deu (muito a ver com o exame clinico que ..., o toque...)
Claro que é fundamental que a toma da medicação seja negociada tb com o cliente e os outros cuidadores ou profissionais de saúde.
Porque todos juntos é mais facil educar para a saúde.
Parabéns pelo blog e pela sua coragem.